O mês de Outubro nos traz a campanha mundial “Outubro Rosa”, criada para conscientizar as mulheres e sociedade a respeito da importância dos exames preventivos que tornam possível o diagnóstico precoce do câncer de mama. A campanha Outubro Rosa começou em 1990, quando a primeira Corrida pela Cura foi realizada em Nova York e, além de possibilitar uma maior eficácia do tratamento, o diagnóstico precoce também é importante para aumentar as chances de um resultado positivo ao fim do mesmo.
O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação de células anormais da mama, que formam um tumor. Há vários tipos de câncer de mama. Alguns tipos têm desenvolvimento rápido enquanto outros são mais lentos.
De acordo com informações do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres, depois do câncer de pele não melanoma, sendo responsável por cerca de 25% dos casos novos a cada ano. No Brasil, esse percentual é um pouco mais elevado, e chega a 28,1%.
Segundo o INCA, estima-se que por meio da alimentação, nutrição e atividade física é possível reduzir em até 28% o risco de a mulher desenvolver câncer de mama. Por isso, tentar controlar o peso corporal e evitar a obesidade, principalmente por meio da alimentação saudável e da prática regular de exercícios físicos e evitar o consumo de bebidas alcoólicas, são recomendações básicas para prevenir o câncer de mama. Além disso, a amamentação também é considerada um fator protetor.
Diagnóstico precoce
Atualmente não se recomenda o autoexame das mamas como técnica a ser ensinada às mulheres para rastreamento do câncer de mama. Grandes estudos sobre o tema demonstraram baixa efetividade e possíveis danos associados a essa prática. Entretanto, a postura atenta das mulheres no conhecimento do seu corpo e no reconhecimento de alterações suspeitas para procura de um serviço de saúde o mais cedo possível – estratégia de conscientização – permanece sendo importante para o diagnóstico precoce do câncer de mama. A mulher deve ser estimulada a conhecer o que é normal em suas mamas e a perceber alterações suspeitas de câncer, por meio da observação e palpação ocasionais de suas mamas, em situações do cotidiano, sem periodicidade e técnica padronizadas como acontecia com o método de autoexame.
Quando a mulher conhece bem suas mamas e se familiariza com o que é normal para ela, é mais fácil de notar alterações e assim consultar seu médico para que seja feita uma melhor avaliação. Essa detecção precoce do câncer de mama também pode ser feita pela mamografia de rastreamento, exame de rotina em mulheres sem sinais e sintomas de câncer de mama – é recomendada na faixa etária de 50 a 69 anos, a cada dois anos. Fora dessa faixa etária e dessa periodicidade, os riscos aumentam e existe maior incerteza sobre benefícios.
O Ministério da Saúde é contrário ao rastreamento com mamografia em mulheres com menos de 50 anos pois os possíveis danos claramente superam os possíveis benefícios. Por isso, também as principais diretrizes e programas de rastreamento do mundo não recomendam o rastreamento de mulheres abaixo desta idade.
O rastreamento com mamografia, mesmo na faixa etária recomendada, implica em riscos que precisam ser conhecidos pelas mulheres. Além dos resultados falso-positivos e falso-negativos, o rastreamento pode identificar cânceres de comportamento indolente, que não ameaçariam a vida da mulher e que acabam sendo tratados (sobrediagnóstico e sobretratamento), expondo-a a riscos e danos associados. As mulheres devem ser orientadas sobre riscos e benefícios do rastreamento mamográfico para que possam, em conjunto com o médico, decidir sobre a realização dos exames de rotina e exercer sua autonomia.
A avaliação das Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama no Brasil é de que, na faixa etária de 50 a 69 anos e com periodicidade bienal, os possíveis benefícios do rastreamento superam seus riscos.
No mês de Outubro, ressaltamos a importância de conscientizar todas as mulheres e nossa sociedade sobre a importância desse tema.